As desigualdades em saúde e na educação foram os assuntos centrais abordados no encontro
Nos dias 15 e 16 de julho, a Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente da Fiocruz (Obsma) realizou a sua 2ª Oficina Pedagógica online, com o tema “Desigualdades em tempos de pandemia”. Em virtude da pandemia da Covid-19, as atividades que antes eram realizadas de forma presencial foram adaptadas para um novo formato, permanecendo como um importante canal de diálogo com professores de todo o Brasil.
A segunda edição do evento contou com mais de 160 participantes pelo Zoom e abordou temáticas relacionadas às desigualdades em saúde e na educação. Segundo a Coordenadora Nacional da Obsma, Cristina Araripe, esse formato online, também denominado pela Fiocruz como “Ensino remoto emergencial”, foi a estratégia encontrada pela equipe da Olimpíada para manter esses encontros que abordam de maneira transversal a saúde e o meio ambiente nas escolas.
Cristina Araripe também destacou os diferenciais da Obsma em relação a outras olimpíadas escolares e o grande compromisso que o projeto tem com os professores. “O que a gente faz de diferente, pensando justamente nesse espírito olímpico, é que o professor escreva o trabalho que ele mesmo desenvolve com seus alunos em sala de aula. Nós da Fiocruz, sempre valorizamos muito o trabalho docente, pois sem um professor por trás, propondo novas ações, não existiria uma olimpíada como a nossa” afirma.
“Desigualdades em saúde” foi o tema abordado no primeiro dia de Oficina, pelo convidado Rômulo Paes, pesquisador da Fiocruz Minas. Na ocasião, ele retratou o quanto as diferenças biológicas podem se converter com frequência em desigualdades, como: gênero, faixa etária, raça/etnias, portadores de doenças ou deficiências, dentre outras.
Além disso, o pesquisador promoveu uma discussão sobre as desigualdades que ocorrem relação ao local de nascimento. “Dependendo de onde as pessoas nascem, elas já nascem com uma vantagem comparativa em relação a outros países, são vantagens geográficas. Isso explica o porquê da procura por outros países, no sentido da migração. Dependendo de onde você nasce, dependendo em que circuntâncias você nasce, a vida pode ser mais fácil ou mais difícil”, explica.
Rômulo Paes também falou especificamente sobre as desigualdades em saúde, retratou como os casos e óbitos provenientes da Covid-19 estão sendo maiores na população afro-americana e apontou estratégias para superá-las. “Primeiro precisamos ter uma estratégia para combater as desigualdades em saúde. Ela precisa ser cosistente e sustentável, quero me referir a ter um financiamento adequado. Isso indica, portanto, uma politica resiliente, que tenha capacidade de sobreviver aos ciclos eleitorais e pronta para responder os choques economicos e politicos” afirma o pesquisador.
O segundo dia de Oficina contou com a presença da convidada Catarina de Almeida Santos, professora da Universidade de Brasília (UNB) e vice-coordenadora da Pesquisa Políticas de Expansão da Educação a Distância (EaD) no Brasil: Regulação, Qualidade e Inovação em Questão. “Desigualdades em educação” foi o tema abordado pela pedagoga, que retratou de maneira profunda como os problemas na educação básica têm ficado ainda mais em evidência nesses tempos de pandemia.
“No momento que vem a pandemia, escancara para todos nós a importância da escolas na vida dos nossos estudantes. E essa importância vai desde o acesso a questões mais básicas, como a alimentação, por exemplo. Nós temos uma quantidade enorme de crianças e jovens nesse país que a principal alimentação do dia, quando não a única, acontece nas escolas”, afirma Catarina.
Por meio de dados atualizados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domícilios (PNAD), a professora demonstrou que cerca de 11 milhões de pessoas ainda não sabem ler e escrever, 74 milhões não concluiram a educação básica e 34 milhões não terminaram o ensino fundamental.
“Quando tem essa questão do fechamento das escolas, a gente começa a escancarar para a sociedade como um todo, aquilo que nós que fazemos parte dos grupos que defendem o direito à educação vem tentando chamar a atenção o tempo inteiro”, comenta Catarina.
A convidada esclareceu aos participantes como as desigualdades educacionais estão vinculadas a grandes desigualdades, como: gênero, raça, socioeconômicas, dentre outras. “A PNAD mostra que 50% das pessoas que abandonam a escola, desistem porque precisam ir trabalhar. E quando você olha esse abandono, grande parte dele está concentrado na população negra desse país, que é a população que historicamente esse país se esforçou para dizimar”, reforça.
O bate-papo também levantou os problemas relacionados a violências, como o trabalho infantil, feminicídio e o abuso sexual de crianças que, por diversas vezes, são identificadas nas escolas e acolhidas pelos professores. Catarina ainda reconhece “nós percebemos que a escola é o lugar mais seguro e a infraestrutura mais adequada que muitos de nossos alunos possuem”.
Por fim, a 2ª Oficina Pedagógica online da Obsma terminou com um debate acalorado entre a convidada e os professores participantes, que tiveram a oportunidade de fazer perguntas e tirar dúvidas sobre o tema debatido.
Participem da próxima Oficina Pedagógica online, prevista para os dias 4 e 5 de agosto, das 10h ao 12h. Contamos com a sua presença!
10ª edição Obsma
As inscrições para a 10ª edição da Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente da Fiocruz foram prorrogadas até o dia 13 de dezembro e devem ser realizadas pelo site oficial www.olimpiada.fiocruz.br. No site é possível ler o regulamento completo e conferir o endereço de envio do material físico de seu trabalho.
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Por Samantha Mahara Martynowicz